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06/08/2019 - Getnet acirra concorrência com aposta em portabilidade

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VALOR

Por: Talita Moreira

O Santander abriu uma nova frente na disputa entre as credenciadoras de cartões ao lançar ontem um serviço que permite a pequenos comerciantes processar pagamentos usando "maquininhas" vendidas a eles por empresas concorrentes.

O lojista precisará apenas baixar um aplicativo para conectar seu terminal ao sistema da Getnet, credenciadora de cartões do Santander. Com isso, terá acesso às mesmas condições já oferecidas aos clientes da empresa, como taxa de 2% nas operações de débito e crédito e recebimento das vendas em dois dias. "Não estamos aqui para vender máquina. Estamos para oferecer solução", disse o presidente da Getnet, Pedro Coutinho.

Com a estratégia, a credenciadora tem em vista um mercado no qual ainda tem atuação modesta: o de pessoas físicas e microempreendedores individuais. A oferta é destinada a clientes com maquininhas próprias de modelo "pareável" - aquelas em que o terminal é conectado à internet usando o sinal gerado por um telefone celular. São os aparelhos mais simples do mercado. A Getnet lançou um dispositivo desse tipo há um mês e, segundo Coutinho, tem atualmente 40 mil unidades no mercado.

A expectativa da companhia é alcançar, até o fim de 2020, 10% do segmento de microempreendedores que hoje já aceitam pagamento com cartão, um total de 3 milhões e 4 milhões de clientes. Esse mercado foi desbravado pela PagSeguro, que ainda o lidera, mas tem atraído o interesse de todo o setor. Cielo e Rede, maiores credenciadoras do país, lançaram modelos para atrair essa clientela. A Stone, que nasceu voltada a empresas de pequeno e médio porte, anunciou nesta semana uma parceria com o Grupo Globo, que edita o Valor, para atender microempreendedores.

Segundo Coutinho, não haverá impedimento para que o lojista continue usando os serviços da credenciadora que lhe vendeu a maquininha. Os terminais da Getnet estão desbloqueados e também poderão ser usados para processar transações de concorrentes. "Com uma máquina só, vai poder ser cliente da Getnet e das outras empresas", disse.

A iniciativa ajudará a Getnet a economizar recursos destinados ao subsídio das maquininhas. O modelo "mobile" da companhia é vendido aos microempreendedores por R$ 48 - valor que pode ser parcelado em até 12 vezes. No entanto, os terminais voltados a esse público-alvo custam entre US$ 40 e US$ 80, segundo Coutinho.

Os lojistas que aderirem à portabilidade de maquininhas não precisarão ter conta no Santander, afirmou o diretor-executivo de pessoa física do banco, José Roberto Machado. No entanto, a instituição irá oferecer produtos para atrair esses clientes, como microcrédito, contas pessoa física e jurídica com tarifa única e outros. "Muito cliente que tinha certas amarras, porque comprou e pagou uma maquininha, com a ideia da portabilidade pode ir para onde as taxas são melhores", disse.

Apesar da aposta nos pequenos lojistas, são as médias e grandes contas que farão maior diferença para a Getnet alcançar a participação de mercado de 14% que pretende ter no fim do ano que vem, segundo Coutinho. Os microempreendedores são numerosos, mas giram valores baixos, de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil ao mês. Para os maiores clientes, a aposta é na oferta de serviços, como soluções para o e-commerce. O market share da credenciadora recuou de 12% para 11,5% no segundo trimestre. "Não entramos em alguns negócios que não seriam rentáveis", disse Coutinho.

 

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