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16/07/2019 - SumUp capta R$ 1,5 bi de fundos

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VALOR ECONÔMICO

Por: Flávia Furlan

Empresa de tecnologia em pagamentos alemã, a SumUp captou € 333 milhões (R$ 1,5 bilhão) com quatro fundos - Bain Capital Credit, Goldman Sachs Private Capital, HPS Investment Partners e TPG Sixth Street Partners - para ampliar a base de clientes nos 31 países em que está presente.

No Brasil, onde atua como uma "subcredenciadora" de cartões, usando o sistema de grandes empresas do setor, a SumUp deve usar cerca de um sexto desses recursos para manter os subsídios oferecidos para a compra de "maquininhas" e nas taxas cobradas dos varejistas.

Os recursos, que já estão disponíveis para a empresa, foram concedidos na categoria de dívida, e não de capital, para não diluir os atuais acionistas. Entre eles, estão a bandeira de cartões American Express, o BBVA Ventures e o Groupon.

A linha, conhecida como "debt facility", fica num limbo entre dívida e capital, porque ao mesmo tempo em que é um financiamento que requer o pagamento do serviço da dívida e depois do principal, não exige, por exemplo, a apresentação de garantias.

Os investidores sinalizaram que a empresa pode acessar mais recursos futuramente, conforme o desempenho da operação e a necessidade de mais capital para alavancar o crescimento. "Há muito dinheiro sobrando no mundo, o capital deixou de ser um recurso escasso", diz Igor Marchesini, que fundou a SumUp no Brasil. "As melhores empresas, então, serão aquelas com capacidade de execução e gestão de pessoas."

A empresa espera faturar € 200 milhões em receitas neste ano no mundo, com mais de 1,5 milhão de clientes, num ritmo de 4 mil novos a cada dia. A estratégia é de crescimento orgânico e por aquisições. Recentemente, adquiriu as startups Debitoor (software de faturamento e contabilidade online) e Shoplo (plataforma de comércio online e marketplace).

No Brasil, os recursos levantados com a nova captação farão parte de um plano de investimentos de R$ 500 milhões em 2019. Desse total, segundo Marchesini, 60% já estavam disponíveis de rodadas de captação anteriores da empresa e pelo retorno da operação local. Desde o início de sua existência, a empresa já captou € 500 milhões, considerando a rodada atual.

A SumUp atua no Brasil desde 2013 como uma subcredenciadora, que usa a rede de credenciadoras como Stone e Cielo para oferecer serviços de pagamento aos clientes, mediante uma taxa de remuneração.

A empresa tem uma atuação focado no que chama de "nanoclientes", que são varejistas, autônomos e profissionais liberais que processam em média R$ 2 mil por mês nas maquininhas - a SumUp estima que apenas 30% desse público aceita pagamentos com cartões. A empresa oferece uma máquina mais simples, com poucas funcionalidades, mas tem em seus planos lançar uma conta digital.

Em seis anos, a companhia alcançou uma base de mais de 500 mil usuários ativos nas maquininhas no Brasil e, em 2018, superou o volume de R$ 250 milhões em faturamento no país.

Entre as empresas que também atacam clientes de menor porte, estão a PagSeguro, do grupo UOL, e o Mercado Pago, do Mercado Livre. "O destino do novo aporte será baixar o máximo possível aos clientes a barreira à aceitação de pagamentos com cartões", diz Marchesini.

Pelo menos metade do valor das maquininhas da SumUp no Brasil é subsidiada, sendo um dos modelos mais vendidos o que custa 12 vezes de R$ 4,90. Segundo Marchesini, o mercado chegou a um piso de preço para os equipamentos no país.

Outra parte dos recursos sustentará a taxa de 1% oferecida aos clientes pelos primeiros três meses de contrato, em operações com cartões de crédito, débito e para antecipação, para quem fatura até R$ 20 mil no período.

Após os três meses, as taxas sobem para 1,9% no débito, 3,1% no crédito e 1,5% a cada parcela antecipada, com pagamento no dia seguinte. "Como meu competidor é o dinheiro, o cliente normalmente fica assustado com as taxas e preciso reduzi-la no início para ele perceber o valor de ter a maquininha, por exemplo em termos de calote e segurança."

Os recursos captados não serão direcionados para o negócio de antecipação do fluxo de pagamentos recebidos nas maquininhas aos clientes. Segundo o executivo, apesar de a maioria dos clientes optar por receber dessa forma, há funding barato no país, de fundos, bancos e também credenciadoras.

"A antecipação tem um fluxo de caixa seguro e custo de funding baixo", afirma Marchesini. "Como tem dinheiro sobrando no mundo, é melhor captar para fazer novos negócios, porque o retorno que eu tenho na aquisição do cliente é maior do que fazendo antecipação."

A SumUp também planeja investir em marketing e ampliar a equipe no país, triplicando o time de engenharia. Outra meta é expandir as operações na América Latina, para países como a Argentina, que deve passar pelo processo de abertura do mercado de cartões que o Brasil enfrentou nos últimos anos.

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