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10/03/2016 - GetNet atrai lojistas com antecipação de faturas

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Por Aline Oyamada | De São Paulo | Valor Econômico

A GetNet, credenciadora de cartões do Santander, está antecipando aos seus clientes o pagamento de mais de 30% das compras feitas com cartões de crédito pelos consumidores, afirmou Pedro Coutinho, presidente da companhia. A taxa é bem superior à de seus principais concorrentes. No quarto trimestre, a taxa de antecipação de recebíveis da Cielo, líder do mercado, ficou em 19,7%. A Rede não divulga o dado no balanço de seu controlador, Itaú, mas Fernando Chacon, presidente da credenciadora, disse que a taxa é de cerca de 40 a 50 pontos-base menor que a de seu principal concorrente - ou seja, pouco inferior a 21%.

As operações de antecipação de recebíveis têm ganhado força em todas as credenciadoras e ajudado a sustentar as receitas em um momento de desaceleração do consumo. Com o crédito mais restrito, principalmente às pequenas e médias empresas, o desconto antecipado das compras feitas por meio do cartão de crédito no comércio torna-se uma opção para o lojista administrar seu fluxo de caixa.

A GetNet tem aumentado sua participação no mercado significativamente. Em 2015, foi responsável por 8,2% das compras com cartões processadas pelas três maiores credenciadoras do país. Em 2014 sua fatia era de 6,5%. Até 2018, a meta é chegar em 14%. A empresa foi a primeira a enveredar pelo setor de captura de compras com cartão no varejo após o fim do monopólio que Cielo e Rede detinham sobre o mercado, em 2010.

A companhia tem avançado em grandes nomes do varejo brasileiro depois de uma estratégia inicial que focou nos pequenos e médios lojistas. Entre os novos clientes, estão participações nas transações com cartões feitas em lojas do Grupo Pão de Açúcar e do Walmart, apurou o Valor. Como a oferta do banco sempre envolveu uma combinação mais ampla entre a captura de cartões no varejo e outros serviços bancários, isso ajuda a explicar a maior participação das antecipações de recebíveis entre seus clientes.

Segundo Coutinho, a GetNet tem aproveitado o "bom momento" do Santander para reforçar o relacionamento com os clientes e colocar seu produto no mercado. "Temos investido muito na rapidez do atendimento e em inovações."

Sobre o processo de interoperabilidade, Coutinho afirmou que a GetNet hoje aceita todas as grandes bandeiras, tendo acrescentado recentemente Elo, American Express, Hipercard e Hiper. A aceitação é feita no modelo VAN ("value added network") - em que a remuneração por transação capturada é um valor fixo, de centavos - e a expectativa é que até o fim do ano as operações passem para o modelo de captura plena, que tem remuneração variável em função do tamanho da transação.

Em evento que reuniu a indústria de cartões, em São Paulo, o Banco Central cobrou um aprofundamento do processo de redução das barreiras de competição no setor. "A infraestrutura não pode se tornar uma barreira à entrada no mercado", disse Otavio Damaso, diretor de regulação do BC. Para ele, o compartilhamento de redes tecnológicas das empresas do setor e o fim de exclusividade de captura de determinadas bandeiras são "condições básicas" para o setor.

Também presente no evento, Aldo Mendes, diretor de política monetária do regulador, cobrou das empresas maior velocidade para responder questionamentos do BC. Segundo ele, há 53 propostas de arranjos de pagamentos eletrônicos em análise pelo regulador e quando o BC pede esclarecimentos sobre as propostas, as respostas recebidas não são muito objetivas em alguns casos. "Gostaríamos de ter uma resposta mais rápida e objetiva por parte da indústria", disse.

Outra bandeira levantada pelo regulador foi a substituição dos cheques de alto valor em circulação por instrumentos mais modernos e eficientes. "Gostaríamos de instigar o setor a pensar em como lidar com isso", disse Mendes, sem sugerir uma alternativa específica.

Uma opção que vem sendo discutida pelo setor e pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) é a alteração da tarifa cobrada nas transações com cartões de débito de alto valor, substituindo a atual taxa variável por uma fixa ou por uma combinação de uma parcela fixa com uma taxa variável. Como hoje a tarifa é proporcional ao valor, muitos lojistas não aceitam o cartão de débito para altos tíquetes. (Colaborou Felipe Marques)

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