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10/08/2015 - Ritmo de alta da indústria de cartões cai a um dígito

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Por Felipe Marques | De São Paulo | Valor Econômico

A indústria brasileira de cartões sentiu os efeitos da retração no consumo das famílias e viu sua taxa de crescimento ficar em um dígito pela primeira vez desde pelo menos 2008. No segundo trimestre, o volume financeiro de compras com cartão foi de R$ 242,4 bilhões, com crescimento de 8,42% na comparação com o mesmo período do ano passado. No primeiro trimestre, o avanço da indústria em comparação similar havia sido de 11,69%.

Os dados consideram apenas o desempenho das três principais empresas do mercado de captura de cartões no varejo - Cielo, Rede (ex-Redecard) e GetNet, do Santander. Juntas, elas representam mais de 95% do mercado total.

Considerando o acumulado dos seis primeiros meses do ano, o setor de cartões movimentou R$ 478,5 bilhões, com crescimento de 10,02% ante o mesmo período de 2014.

Tanto as transações na modalidade crédito como na de débito desaceleraram no segundo trimestre. Entre abril e junho foram feitas R$ 151,2 bilhões em compras com cartões de crédito, crescimento de 8,78% na comparação com o ano anterior. Nos três primeiros meses do ano, essa taxa havia sido de 9,71%.

Nas compras com débito, a desaceleração foi maior. O volume financeiro do produto no segundo trimestre ficou em R$ 90,7 bilhões, com avanço de 8,41%. De janeiro e março, a taxa fora de 11,69%. Considerando que as compras com cartões de débito em geral têm tíquetes médios menores e incluem extratos sociais de baixa renda, a desaceleração da modalidade sinaliza a extensão da atual retração no varejo.

O desempenho semestral está mais próximo da projeção da Associação Brasileira das Empresas de Cartões e Serviços (Abecs), de que a indústria crescerá "pelo menos 10%" neste ano. Isso, porém, vai depender de uma reversão da trajetória de baixa das despesas dos consumidores vista no segundo trimestre do ano -ou seja, implicaria uma maior disposição de gastar por parte dos consumidores.

A Cielo, maior credenciadora de cartões do país, mostrou uma expectativa um tanto mais pessimista que a associação do setor, ao projetar uma banda de crescimento entre 9% e 11% para a indústria de pagamentos eletrônicos para o final deste ano. A estimativa anterior era de expansão entre 11% a 13%.

Vale lembrar que, apesar de um avanço mais modesto em 2015, o setor de cartões ainda tem espaço para ganhar como meio de pagamento dos gastos das famílias brasileiras. Dados da Abecs para 2014, os mais recentes disponíveis, mostram que o uso do cartão para pagar as despesas representava 30,1% do consumo total das famílias. No Canadá e nos Estados Unidos, por exemplo, essa fatia se aproxima de 50%.

Os dados do segundo trimestre também mostraram outra característica curiosa: as fatias de mercado das três principais empresas do segmento permaneceram praticamente estáveis ante os três primeiros meses do ano.

A Cielo seguiu na liderança do mercado, com 53,5% de participação de mercado, ante 53,6% nos três primeiros meses do ano. A Rede permaneceu com os mesmos 38,6% do trimestre anterior e a GetNet saiu de 7,3% para 7,4%.

Analistas tendem a interpretar estabilidade nas fatias de mercado como sinal de que as companhias têm preferido preservar margens a praticar preços mais baixos para ganhar espaço. Resta saber em que medida um menor crescimento do setor tem reforçado o ambiente de competição menos predatória, à medida que as credenciadoras investem mais fortemente em outros produtos, como o adiantamento de recebíveis a lojistas, para proteger seus resultados.

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