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21/07/2015 - PayPal volta às bolsas na era da carteira digital

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Por Paul Vigna | The Wall Street Journal | Valor Econômico

O PayPal fez uma festa na frente da sede da Nasdaq, em Nova York, na manhã de ontem, distribuindo café e rosquinhas e tirando fotos de transeuntes - principalmente turistas - para colocar na tela digital circular gigante da bolsa.

O evento publicitário comemorou o renascimento da PayPal Holdings Inc. como uma empresa independente e de capital aberto, depois de 13 anos passados dentro do império do eBay  Inc. Foi também uma forma de reintroduzir o público ao que a empresa está chamando de "novo dinheiro".

A designação não é apenas marketing porque o mundo está, de fato, muito diferente da última vez que o PayPal operou como uma empresa independente. Hoje, ela não é mais a única empresa que atua nesse setor do novo dinheiro. O PayPal está sendo desmembrado porque certos acionistas queriam uma chance de lucrar com o valor da empresa de serviços de pagamentos. Com mais de US$ 6 bilhões no caixa, uma receita de US$ 8 bilhões em 2014 e um acordo operacional de cinco anos com o eBay, ela também tem fundações firmes.

Mas o mundo lá fora está nos estágios iniciais do que parece ser uma onda histórica de inovação, e parece bem diferente de 2002. Wall Street, por exemplo, ainda não havia sido estremecida por uma crise global. A bitcoin ainda não existia e as redes sociais estavam em uma era pré-histórica.

Agora, o setor de pagamentos que o PayPal ajudou a revolucionar parece que está entrando em uma fase de transformação.

Apenas no ano passado, empresas de tecnologia financeira registraram US$ 12 bilhões em investimentos e, nos próximos anos, segundo um extenso relatório sobre serviços financeiros publicado em junho pelo Fórum Econômico Mundial, todos os aspectos do setor estarão mudados. Os novos serviços ao consumidor estão sendo construídos sobre os alicerces dos sistemas de pagamento existentes, provocando mudanças significativas no comportamento do consumidor.

Originários desde as maiores empresas do mundo até aplicativos criados por pequenos grupos de programadores, os recursos de pagamentos estão sendo inseridos em tudo, dos telefones às redes sociais, passando pelas máquinas registradoras. A tecnologia está se abrindo para todas as rotas e há exploradores lá fora testando cada uma delas.

Agora, o PayPal vai ser uma gigante dessa área. Ele processou 1,1 bilhão de transações no segundo trimestre, num valor de US$ 66 bilhões; 22% disso, ou US$ 14,5 bilhões, veio da plataforma eBay. As novas contas ativas cresceram 11%, para 169 milhões. A receita subiu para US$ 2,3 bilhões. Mas, em 2002, quando o eBay Inc. comprou o PayPal por US$ 1,5 bilhão, não havia muita concorrência. A Visa e o Mastercard dominavam o mercado de cartões de crédito e não havia mais nada. Muita coisa mudou desde então.

Há produtos agora que integram pagamentos em serviços ou funções sociais, como o Uber e o Venmo. A rede de lanchonetes Stop & Shop tem um sistema de pagamento que permite que os clientes paguem enquanto fazem compras. "Startups" como a bpay e o skip wallet estão trabalhando em pagamentos de máquina para máquina. E claro que Visa e Mastercard estão construindo seus próprios sistemas de pagamentos com novas tecnologias. O Mastercard anunciou no início do mês que está trabalhando em um sistema que permitirá que as pessoas usem "selfies", em vez de senhas ou tokens.

Há ainda todas as grandes empresas que não estão no setor bancário e que estão começando a experimentar com sistemas de pagamento, mais notavelmente a Apple Inc., que introduziu seu serviço Apple Pay no início do ano, e o Google Inc., que oferece o Google Wallet desde 2011. Isso inclui mesmo empresas que não são nem do setor bancário, nem de tecnologia. Um consórcio de varejistas americanos liderados pela Wal-Mart Stores Inc. e que inclui Rite Aid Corp. e Best Buy  Co. trabalha em um sistema de pagamento chamado Current C.

E há a bitcoin, claro. O próprio Paypal está experimentando a moeda digital - sua unidade Braintree já a aceita como pagamento. A bitcoin também oferece o que seja talvez a alternativa mais definida aos pagamentos tradicionais: um sistema ponto a ponto, descentralizado, que está além do controle dos governos, bancos, ou outros agentes descentralizados. Claro que a bitcoin ainda está em sua infância. A Coinbase, uma das principais startups de serviços, tem cerca de 2,1 milhões de contas, comparado com os 169 milhões do PayPal. Mas a bitcoin chamou a atenção dos capitalistas de risco e de Wall Street e pode ser um concorrente nos próximos anos.

Claro que, nesses dias, você não precisa ter um valor de mercado multibilionário ou uma rede de usuários mundial descentralizada apoiando a criptografia da moeda. Você pode simplesmente criar um aplicativo, que foi o que o pessoal da Venmo fez, lançando um sistema de pagamentos que incorpora características de redes sociais e se tornou um sucesso viral entre a geração do milênio.

Uma forma de lidar com os concorrentes é comprá-los, exatamente o que o PayPal fez quando adquiriu o Venmo através de sua unidade Braintree (que o PayPal também havia comprado). Nesta semana, ele também pagou US$ 890 milhões para comprar o serviço de transferência de dinheiro Xoom, com um olho no mercado global de remessas, avaliado em US$ 600 milhões.

O PayPal ocupa um lugar central no mundo do novo dinheiro hoje. Mas à medida que o mundo tecnológico rapidamente invade o mundo do dinheiro, "exatamente agora" se transforma em um lugar efêmero.

No fim do pregão de ontem, o PayPal subiu 5,42% para US$ 40,47, o que deixa a empresa com um valor de mercado em torno de US$ 50 bilhões.

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