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30/04/2015 - Mesmo com expansão menor de captura com cartões, Cielo lucra mais

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Por Felipe Marques | De São Paulo | Valor Econômico

A Cielo costuma alardear, com a pompa de quem é líder de mercado, que "nada supera essa máquina". Justiça seja feita, por pelo menos mais um trimestre, a companhia fez jus ao slogan. Nos três primeiros meses do ano, a Cielo viu os volumes de pagamentos em cartão que captura crescerem na menor taxa já vista pela empresa, 5,8% na comparação com igual período do ano anterior. A credenciadora, contudo, conseguiu superar o magro crescimento das transações e seu lucro líquido abriu 2015 com um avanço superior ao que previam analistas.

A Cielo registrou um lucro líquido de R$ 911,8 milhões no primeiro trimestre, com crescimento de 13,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado veio acima da estimativa de analistas consultados pelo Valor, que projetavam R$ 852,2 milhões.

Em relatório, analistas do Credit Suisse afirmaram que, apesar de o volume financeiro capturado pela companhia ter crescido abaixo da projeção da casa, as despesas financeiras trazidas pela Token, a recém-criada "joint venture" da credenciadora com o Banco do Brasil, foram menores que o esperado. A criação da empresa foi aprovada no fim de fevereiro e seus desempenho passou a ser computado pela Cielo desde então. Os analistas destacam o controle de custos e despesas realizados pela companhia.

O Goldman Sachs, embora reconheça o desempenho trimestral melhor do que previa, questiona se permanecerá ao longo do ano. "Não é claro para nós se os fatores que ajudaram no primeiro trimestre são sustentáveis, dada a perspectiva desafiadora de competição", escrevem. Os analistas também lembram que a Token trouxe uma série de despesas extras para a Cielo, incluindo de pessoal, que devem pesar sobre a companhia no curto prazo, até que a Cielo comece a colher ganhos de sinergia.

Para o Goldman, o forte desempenho da linha de antecipação de faturas de cartão para lojistas, um importante componente dos resultados do trimestre, tende a desacelerar no médio prazo. No trimestre, a Cielo antecipou o equivalente a 19,6% do volume financeiros capturado em cartões de crédito, percentual recorde para a companhia, ante 18,7% antecipado no mesmo período do ano passado. A receita com esse tipo de operação cresceu 38,8% na mesma comparação, somando R$ 265,1 milhões.

Em teleconferência sobre os resultados, o presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, deixou claro que não faltam obstáculos para a companhia neste ano. O executivo atribuiu a forte desaceleração dos volumes financeiros capturados pela Cielo ao aumento da concorrência e à deterioração da economia brasileira - que reduz o consumo.

Nos três primeiros meses do ano, o volume financeiro de transações da credenciadora totalizou R$ 126,5 bilhões, cifra 5,8% maior que em igual trimestre de 2014. No quarto trimestre, o avanço havia sido de 9,33% em comparação semelhante. Considerando apenas cartões de crédito, o volume entre janeiro e março foi de R$ 75,48 bilhões, com avanço de 3,2%. Já no cartão de débito, foram transacionados R$ 51,05 bilhões, com alta de 9,9% na mesma comparação.

Dias preferiu não fazer projeções sobre como deve se comportar a expansão dos volumes de compras com cartão neste ano. "Ainda há muita incerteza sobre a economia para falar sobre a curva de crescimento de volumes nos próximos trimestres", disse. "Com o cenário de hoje, uma recuperação de taxas de crescimento dos volumes para dois dígitos é bastante improvável."

Uma concorrência mais agressiva com outras credenciadoras também explica a desaceleração dos volumes, já que, segundo Dias, a Cielo perdeu clientes de grande e de menor porte no trimestre. Graças à competição, o executivo afirma que a tendência para a tarifa cobrada dos lojistas de pagamentos com cartão é de queda neste ano, e que "será preciso compensar [essa menor receita] por meio de outras linhas de negócios", disse.

Outro assunto recorrente na divulgação do trimestre foi a Token. A Cielo fez um exercício em que estimou o resultado líquido do negócio em R$ 61,6 milhões no trimestre - número que não leva em consideração as despesas de amortização do ágio da operação. Apesar de questionado por analistas, Dias não abriu detalhes sobre os ganhos de sinergia que a Cielo espera colher com essa operação nos próximos trimestres. Excluindo a Token e as despesas de constituição da empresa, o lucro líquido da Cielo teria sido de R$ 955,2 milhões no primeiro trimestre, com avanço de 19% ante igual período de 2014.

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