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05/01/2015 - Veto do BC põe em risco negócio entre BB e Cielo

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Por Carolina Mandl | De São Paulo | Valor Econômico

O Banco Central (BC) vetou o reconhecimento de um lucro líquido de R$ 3,2 bilhões por parte do Banco do Brasil na criação de uma nova empresa do setor de cartões em parceria com a Cielo. A decisão da autoridade pode colocar em xeque a continuidade da bilionária operação ou fazê-la ganhar novas configurações, na avaliação de analistas ouvidos pela reportagem.

Em ofício, a autoridade monetária determinou que a operação não pode trazer efeitos no patrimônio ou no capital do maior banco brasileiro. Em novembro, BB e Cielo anunciaram a criação de uma companhia avaliada em R$ 11,6 bilhões, a partir da transferência de ativos da instituição financeira federal.

Pelo entendimento do Banco Central, o BB não deve registrar o investimento na nova empresa a valor de mercado e contabilizar um ganho por isso. Hoje os ativos que serão aportados no novo negócio estão registrados no balanço do BB a um custo inferior, o que, em tese, daria origem a um ágio.

Diante do veto do BC, a questão que se levanta agora é se a transação continuará de pé. Ou se poderá ter seu formato alterado. Questionados pela reportagem, BB e Cielo não atenderam o pedido de entrevista.

Os papéis do BB tiveram desvalorização de 4,75%, e os da Cielo perderam 4,56% no pregão de sexta-feira da bolsa. O Ibovespa fechou o dia em baixa de 2,99%.

Segundo o Valor apurou, executivos do BB e da Cielo ainda trabalham com a expectativa de que a decisão do Banco Central possa ser revertida. Neste momento, ambas as empresas buscam compreender melhor o veto feito pela autoridade.

Sem gerar lucro para o BB, a transação também não contribuirá para o superávit primário deste ano. Reportagem do Valor de dezembro mostrou que, se o negócio fosse concluído ainda no ano passado, poderia responder por quase metade do superávit primário previsto para 2014. O Tesouro ganharia R$ 4,5 bilhões com o pagamento de Imposto de Renda.

Depois que a operação entre BB e Cielo foi anunciada, o governo conseguiu, em 9 de dezembro, aprovar uma flexibilização no cálculo da meta fiscal.

Apesar de a transação trazer vantagens tanto para Cielo quanto para BB, o fator fiscal também pesou para o negócio em um momento em que o governo enfrentava dificuldade para fechar suas contas. Para a Cielo, os ativos recebidos do BB na nova empresa vão representar uma diversificação de portfólio. Já o banco fica livre das amarras para contratação de serviços imposta pelo fato de ser controlado pelo governo.

No mês passado, a Cielo anunciou emissões de títulos de dívida local para financiar a transação com o Banco do Brasil na nova empresa de cartões. Pelo desenho previsto são R$ 3,459 bilhões em debêntures divididas em três tranches e até R$ 4,6 bilhões em notas promissórias.

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