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12/09/2014 - O pré-pago toma as ruas

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Natália Flach | Isto É Dinheiro

A carteira do brasileiro deverá ter cada vez mais cartões e menos dinheiro em espécie nos próximos anos. Em 2023, 60% do consumo das famílias, o equivalente a R$ 2,6 trilhões, deverá ser pago com cartões, ante R$ 742 em papel-moeda, segundo a consultoria paulista de varejo Boanerges & Cia. Um dos principais vetores desse crescimento será o cartão pré-pago, em que o proprietário precisa depositar o dinheiro antes de usar. Esse plástico relativamente novo é a principal aposta de bancos, startups e companhias de telefonia. Para a Boanerges, em nove anos ele deverá responder por 10% das transações.

Até empresas de fidelidade entraram nessa história. A Netpoints acaba de firmar uma parceria com a companhia de meios de pagamento Super para oferecer, a partir de outubro, o primeiro pré-pago com um programa de recompensas. O público-alvo inicial são os associados da Netpoints na cidade de São Paulo, que vão ganhar pontos todas as vezes que usarem o pré-pago da bandeira Mastercard, que tem várias funções e poderá ser utilizado para fazer saques, transferências e compras em estabelecimentos físicos e online. “Desde que estruturamos a plataforma, sabíamos que o meio eletrônico seria fundamental”, diz Carlos Formigari, presidente da Netpoints.

“O motivo para uma pessoa trocar o dinheiro por um pré-pago vai além da segurança. Ela precisa ter algum benefício e nós somos essa cereja do bolo”, diz ele. Para utilizar o produto, o cliente poderá fazer a recarga via internet ou por meio de bancos ou lotéricas. A Netpoints, fundada em 2011 com investimentos do Grupo Bozano, tem dez milhões de clientes cadastrados e a expectativa é que, no ano que vem, a emissão dos plásticos chegue a um milhão. Por sua vez, a Super tem hoje 180 mil clientes e pretende chegar ao fim do ano com uma movimentação financeira de R$ 300 milhões.

Em cinco anos, a meta é atingir R$ 6 bilhões. Segundo Luiz Almeida, vice-presidente da Super, a carga média mensal é de R$ 730 e os usos mais recorrentes são compras no Brasil e no exterior, transferências e saques. “Acho que a próxima geração de meios de pagamento será pelo celular”, prevê Almeida. Outra que está de olho nesse mercado é a Caixa Econômica Federal. O banco está negociando a compra de uma participação da companhia Vale Presente, que tem como principal acionista o megaempresário Carlos Wizard, dono do Mundo Verde e colunista do portal da DINHEIRO.

A Caixa confirma a negociação, sem dar mais detalhes, e Wizard não comenta. A nova parceria, se for concretizada, permitirá que beneficiários de programas governamentais possam receber os benefícios por meio desses cartões. “Essa modalidade será um dos principais vetores de crescimento dos cartões pré-pagos”, afirma Boanerges Ramos Freire, da consultoria que leva o seu nome. “Mais empresas não financeiras devem entrar nesse mundo de pré-pagos”, diz. Os bancos, avalia, serão mais lentos por ganharem mais em outros produtos. Outra forte candidata a disputar uma fatia desse mercado é a Acesso.

Fundada em 2010 com ajuda de investidores-anjo, a startup de Sérgio Kulikovsky captou US$ 6 milhões, em abril do ano passado, para crescer mais rapidamente. “Temos duas grandes metas: aumentar o canal de vendas e as funcionalidades do cartão”, afirma Kulikovsky, que criou a primeira corretora de ações pela internet brasileira, a NetTrade, em 1998. A partir do mês que vem, o cliente que tiver cartão da Acesso poderá pagar contas e até recarregar o celular. Hoje, são 70 mil contas ativas e a expectativa é chegar a 250 mil até o ano que vem. “Acho bastante viável.

Afinal, começamos 2014 com apenas cinco mil contas”, afirma, acrescentando que o objetivo é chegar a 2017 com um milhão de usuários. Assim como a Acesso, a MFS (joint venture entre MasterCard e Telefonica) também espera um crescimento acelerado nos próximos anos. Cerca de 302 mil clientes possuem o cartão ZUUM, e a expectativa é atingir dois milhões com a entrada em dois grandes centros: São Paulo e Rio de Janeiro. “Começamos por Estados onde a Vivo tem boa penetração, como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Bahia e Sergipe, e estamos ajustando o produto para torná-lo cada vez mais competitivo”, afirma Marcos Etchegoyen, presidente da MSF.

Quem se beneficia da maior competitividade são as bandeiras de cartões, que fazem parcerias com emissores. José Coronel, diretor sênior de produtos pré-pagos da Visa para a América Latina, afirma que o Brasil e o México são os países mais desenvolvidos da região. “Colômbia, Argentina e Caribe também têm avançado nessa direção”, afirma. Em 2010, o mercado latino-americano representava US$ 15 bilhões e a estimativa é que ele chegue a US$ 133 bilhões em 2017. “Teremos novos anúncios até o fim do ano”, diz Alexandre Magnani, vice-presidente de desenvolvimento de novos negócios da Mastercard. Com tanta novidade a caminho, será que um dia o cofrinho vai virar peça de museu?

 

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